O dia que assisti The Room

Tudo começou numa pacata manhã de domingo, o sol era forte pela abertura da varanda e o nescafé fraco enquanto minerava o catálogo da Netflix; ótima escolha: Indiana Jones e a Caveira de Cristal, não que importasse - queria eu saber o que me esperava - e foi ao conferir meu twitter antes do play que me deparei novamente com os comentários a respeito de O Artista do Desastre, filme dirigido e protagonizado por James Franco sobre a história de The Room, também conhecido pela patente de "pior filme do mundo".

Não sei dizer agora, mas uma energia me atraiu, senti por um instante que aqueles comentários polarizados (somados, claro, a maldita obrigação implícita de se ter uma opinião sobre tudo) me obrigavam a fazer o que era certo. Assistir The Room. Torrent baixado e legenda sincronizada, presenciei takes inspiradores (e completamente aleatórios) de São Francisco, seguidos pelo casal que parece ter acabado de se conhecer e o vizinho pervertido que invade seus quarto, logo antes da pior cena de sexo já gravada.

Estava conquistado, e foi uma experiência incrível, por pior que seja a obra é genuinamente engraçada, da dublagem mal feita a montagens sem sentido, o fato de tudo orbitar em péssimas decisões (verdadeiramente bizarras) cria um momento cinematográfico sem igual, coisas como diálogos completamente expositivos e por vezes sem sentido ("eu quero fazer amor com você" respondido por "tudo vai ficar bem, eu prometo")* tornam o filme único, ao fim o status cult parece óbvio. Existem milhares de filmes ruins, mas só The Room é The Room.

Isso fica ainda mais óbvio no pós-crédito, em que um sentimento de culpa permeia cada hora perdida na pesquisa pelos bastidores da admirável história de Tommy Wiseau, um homem cujo único pecado fora amar demais, e é com essa admiração que anseio por dia 25, estreia nacional de Artista do Desastre, até lá só lhes dou uma dica: não deixem The Room passar.

*dialogo acontece aos 00:16:30