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Noviça Rebelde (The Sound of Music) em tempos de crise: o melhor dos escapismos

Não que eu ache que The Sound of Music precise ser defendido. Contabilizando a inflação, é um dos dez maiores sucessos de bilheteria de todos os tempos. Nada menos que um fenômeno amado em termos de relevância, turismo (Salzburgo se sai muito bem neste departamento), paródias, trilha sonora, Julie Andrews e tudo em sua volta são simplesmente ICÔNICOS. Não à toa que 7-rings, da Ariana Grande, começa reinterpretando-o. Porém, desde a época de lançamento os críticos nunca lhe deram flores, e o "escapismo demais" parece ser o problema principal.


É nauseante ler sobre a receptividade do filme. Todos os críticos odiaram Noviça Rebelde. Eles não apenas desgostaram da obra, foi levado para pessoal, a indústria como um todo levou. Houve murmúrio sobre como o filme retrocedeu o cinema e seus musicais - um meio artístico supostamente finalmente entrando em maturidade. A atuação foi descartada como a de um par de estudantes do ensino médio, a história rotulada como inocentemente doce, uma ofensa a qualquer mente inteligente. Seria entendível repulsa, mas hostilidade total?

Agora, até para Santopietro, crítico que ama o musical e escreveu o livro definitivo sobre ele, a explicação senso-comum e condescendente de sua popularidade é que este seria uma forma suprema de escapismo para a vida perfeita. As pessoas podem passar três horas inocentes, desejando que o nosso mundo seja tão simples quanto aquele, que o bem e o mal, o certo e errado, sejam tão claramente delineados na vida real. Santopietro enfatiza especialmente a vontade de ser da família von Trapp, ou pelo menos resolver os problemas de suas famílias com tal facilidade.

Okay, talvez especialistas em música ou em narrativa visual poderiam dar melhores argumentos para discordar dessa perspectiva simplista. Mas, de fato, no cerne é uma obra meramente escapista, mas o que pode facilmente ser deixado de lado é a autoconsciência do filme em seu lugar, e como ele faz questão de não apenas ser escapista, ser SOBRE escapismo, mostrando a que veio ao mundo. A história começa com uma noviça escapando de onde sente um não pertencimento, e a partir de então tudo parece ser sobre escapar do que é ruim.

Citando as duas principais músicas do filme:

Uma é sobre "Quando o cachorro morde, quando a abelha pica / Quando estou me sentindo triste" se lembrar das coisas favoritas para, então, "não me sinto tão mal".



A outra para "rir como um riacho" quando "tropeça e pedras caem em seu caminho".



Isso torna The Sound of Music especial em seu escapismo, tudo na narrativa converge pra ser o mais especial possível, e o filme acontecer durante a ascensão do nazismo (e concordo que o epílogo seja muito esquisito) torna toda a intenção ainda mais clara. Estava me sentindo triste com toda esta crise do coronavírus, e ao me lembrar das minhas coisas favoritas, o filme veio subitamente a mente e precisei escrever para entender o porquê. Não que The Sound of Music precise ser defendido, mas é bom lembrar dele nestes momentos de crise.

2 comentários:

@ArturAlee #GeekDeVerdade. Tecnologia do Blogger.