Uma reflexão sobre a cultura pop e o que consumimos
1984 foi um ano
incrível para o cinema, um ano em que foram criados diversos filmes novos que
marcaram a indústria e uma geração, Exterminador do Futuro, A Hora do Pesadelo,
Karate Kid, História Sem Fim, Conan, Indiana Jones, Loucademia de Polícia,
Gatinhas e Gatões, Um Tira da Pesada e Caça Fantasmas são alguns exemplos do
motivo de um ano assim servir como exemplo. Na época o cinema esbanjava de
qualidade e criatividade.
Mágico, um cinema
criativo, novo e principalmente: popular. É por isso que esses filmes sobreviveram décadas
e se tornaram ícones. Muitas pessoas que jamais se intitulariam nerds
ou geeks reconhecem Harrison Ford em
Indiana Jones, tentaram fazer os golpes de Daniel San e tem a música de
Ghostbusters na mente até hoje. É por isso que existem tantos que não superam a
saudosista década de 80.
Anual, devastador e esquecível |
Era um mundo
fervilhando de novas ideias isso refletia na arte (que era em sua maioria
popular). E agora? Pense nos últimos anos e tente lembrar de cinco filme
realmente novos e criativos. Sem remakes, reboots ou adaptações, aparentemente
até a Pixar está abandonando o barco. E eu sei que existe muito cinema bom
sendo feito, filmes artísticos e de qualidade, mas e a parte do cinema popular?
Algo que daqui a 20 anos você irá se lembrar, sentir saudades e contar aos seus
filhos? Eles, que por sua vez, vão reviver esse filme e fazê-lo continuar
marcando gerações. Star Wars tá ai por isso.
Isso é um reflexo
dessa nova geração. Somos preguiçosos de corpo e mente. Ídolos são trocados a cada
seis meses. Tudo é rápido. Somos exigentes e criticamos fervorosamente coisas
que são esquecidas em uma semana, mas queremos mais, cobramos mais. Anual,
devastador e esquecível. Tudo tem de ser rápido e prático, precisamos ser
entretidos o tempo todo por coisas que ás vezes não nos importa nem nos crescem. A
comida, fast, preparada em 5 minutos para você. A “rede social do momento”, 10
segundos de fama e passamos pro próximo. Nossas relações costumam se limitar em
algumas mensagens. Você deve estar contando o tempo para terminar de ler esse
post e ir ler ou fazer outra coisa.
Consumimos para logo esquecer, não há tempo para mastigar tudo, então tudo já vem mastigado e mesmo assim
queremos mais. Anual, devastador e esquecível. É por isso que tão pouco do que
nos é apresentado tem como objetivo ser duradouro ou marcante, poucos são como
o Netflix: bom, marcante e popular.
E vamos falar de
Caça-Fantasmas: já nasceu vítima da mentalidade mastigada por críticos e blogs
de que seria ruim (aparentemente não existe mais opinião própria também).
Primeiro por mexer em um vespeiro chamado nostalgia, “e quem disse que Caça-Fantasmas precisava
de um remake?”, Caça-Fantasmas nunca deixou de ter um único objetivo: dar lucro, e vão usar sua nostalgia para isso. Vão usar quantas vezes for
necessário até não dar lucro, infelizmente é assim que o mundo funciona. E o que importa é que o espectador médio vai sentar e se divertir, e apesar de
parecer que estou me contradizendo com o post sobre Procurando Dory é
porque, como falo no post, a Pixar não tratava seus filmes apenas como marca.
"Uma aventura inesquecível que ela provavelmente já esqueceu" |
Isso do Procurando
Dory inclusive revela algo interessante, as pessoas agora, talvez por isso que
a internet faz de deixar tudo ser Treading Topic para logo mais ser esquecido, tem
de ter opinião formada sobre tudo e não existe mais meio termo, ou você recusa
aceitar os defeitos do filmes ou acha ele um lixo. Não se pode criticar um
filme e ainda assim gostar dele, eu gostei de Procurando Dory mas nem de longe
é um filme sem defeitos para serem apontados. A cultura pop vem se transformando
em um ambiente de opiniões acaloradas. Aconteceu com alguns fãs da
Marvel sobre Batman VS Superman, a ansiedade por um filme receber crítica
negativa, a torcida pelo fracasso nas bilheterias. E agora aconteceu de novo com Caça-Fantasmas.
Tudo tão pronto e mastigado, parece que já tem quem decida por você. Não
importa se você assistiu ou não, importa o que aquele determinado site ou
crítico disse. E tudo isso se reflete no que consumimos. Anual, devastador e
esquecível.
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