Análise: Saga Jogos Vorazes
Adoro Jogos Vorazes, já li os livros (duas vezes) e amo de paixão os filmes, lembro até hoje de eu maravilhado no cinema assistindo o primeiro, aquelas cenas de explosões em um futuro completamente distópico iluminaram a minha imaginação, os anos foram passando, e agora, 4 anos depois, podemos pensar que não só a franquia evoluiu para um sucesso estrondoso, tamanho que o final da saga conseguiu se tornar mais esperado que Star Wars: O Despertar da Força, como nós crescemos como telespectadores, crianças ou adolescentes na época que agora conseguem entender toda a complexidade e as mensagens de uma obra que fala sobre revoltas, símbolos políticos, alienação e desigualdade social... Não o julgue como só mais uma saga do mesmo saco de Divergente, Maze Runner, Doador de Memórias e outros, estes podem até serem legais, mas não se comparam ao que os deu origem.
Prefiro analisar cada um dos filmes, por serem mais populares (e bem melhores) que os livros escritos por Suzanne Collins, então, vamos falar de Jogos Vorazes:
Jogos Vorazes (2012):
Vamos situá-lo, em 2012 as duas obras infanto juvenis baseadas em obras literárias mais conhecidas tinham acabado de ter seus finais, Harry Potter e Crepúsculo, a corrida dos estúdios era de quais franquias iriam substituir esses dois fenômenos, então a campanha de marketing se especializou em vender o filme para o público como "O novo Harry Potter/Crepúsculo", foi uma ótima jogada, o filme ia para o cinema como uma excelente expectativa e um grande público, mesmo sendo só o primeiro, com uma protagonista feminina forte (finalmente) inserida em um triangulo amoroso forçado, aquela fórmula genérica, porém, eu continuo achando essa comparação com Crepúsculo injusta, quando as comparamos como obras distintas.
De todas essas franquias recentes, esta tem um conteúdo muito mais contestador, quando assistimos com certos olhos vemos claramente inspirações distópicas como Admirável Mundo Novo, falando em disopia, esse é um dos melhores futuros distópicos que já vi no cinema, a sua utopia escondida dentre mensagens deixa claro a qualidade e filosofia desta obra. Discussões sobre autoridade, idolatrismo a celebridades, guerras, conflitos, repressão, poder e controle estão em pauta nessa futurista América do Norte, em Panem (sigla grega para "Pão e Circo"), uma capital e doze distritos comandados pelo presidente Snow.
Na trama, a Capital domina e controla os doze distritos, e cada um deles tem alguma funcionalidade para agradas a burguesia (que reside na Capital), a história é que a alguns anos o 13º distrito tentou uma rebelião e foi destruído, para que nenhum outro distrito tentasse fazer o mesmo a Capital criou um Reality Show chamado Jogos Vorazes, onde ela pegava um casal de jovens (12 a 18 anos) de cada distrito e os coloca em uma arena para lutar até a morte, para lembrar os distritos quem é que manda, se achou isso doentio reflita um pouco sobre a nossa realidade. na arena só pode haver um sobrevivente, além da "fama e glória" também ganha recursos para sobreviver mais um ano, a trama acompanha uma jovem, Katniss Everdeen, uma adolescente que se oferece para lutar na arena no lugar de sua irmã Prim, Katniss é interpretada pela incrível Jennifer Lawrence, que fez um papel muito bom. Lembra daquele triangulo amoroso forçado que eu mencionei, então, tem um personagem genérico que caçava com ela chamado Gale e tem um personagem super complexo que traz a dúvida de confiança chamado Peeta, ele está nos jogos e Katniss não sabe se pode confiar nele ou não, é até que bem interessante, apesar de claramente os dois atores não terem química durante as gravações, a direção é um pouco preguiçosa e não tenta inovar, mas é boa em sua proposta, contar uma história e passar o desespero da personagem nas cenas de ação, falando nelas, são ótimas, e não são usadas apenas como entretenimento barato, não é prazeroso ver jovens lutando pela sobrevivência enquanto se matam, isso é outro ponto interessante, os outros competidores não são os inimigos, e sim os líderes políticos que controlam os Jogos e Panem.
Jogos Vorazes: Em chamas (2013):
Á partir daqui começam os spoilers, não diga que não avisei, nessa continuação Katniss é obrigada a encarar as consequências de suas ações na arena, essas consequências são justamente o que movem a trama, tanto para a personagem como para a nação sob um estado totalitário controlado pela luxuriante e poderosa Capital. Ao mesmo tempo em que Katniss e Peeta Mellark descobrem durante uma turnê pelos 12 distritos de Panem que sua união e a rebeldia dela despertaram um sentimento dormente há décadas no povo, percebem também que o terror ainda está longe de acabar. Afinal, além de ser agora parte do sistema que ela despreza, a heroína tornou-se também um símbolo de esperança e, ciente disso, o presidente Snow não poupará esforços para derrubá-la. Os jogos nesse filme existem, mas são vistos totalmente como plano de fundo, apesar disso conseguem ser menores e melhores que o do anterior, funciona bem para a porcentagem do público que só quer ver efeitos pirotécnicos.
Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1 (2014):
Este filme é a
prova definitiva de que Jogos Vorazes não é uma saga qualquer, nunca vi um
filme de uma saga sair tanto da zona de conforto quanto nesse, pensamos nos
outros Jogos Vorazes como futuros exagerados cheio de cores, explosões,
arquitetura futurista e cenários gigantescos com efeitos de proporções épicas,
isso dá lugar a um distrito 13 cinza, escuro, parado, sem desigualdade e longe
da superfície, nesse filme Katniss se torna a rainha no jogo de xadrez da
guerra, uma guerra contra as suas vontades mas que precisa de um simbolo para
os ideais que ela acredita, sem querer ela se torna este simbolo, simbolo da
rebelião contra a Capital.
O que fica claro quando vemos que Katniss não consegue gravar o propaganda político e que precisa ir a guerra para gravar reações espontâneas é que na verdade ela não é líder de causa alguma, seus atos heroicos são reações, seja para se proteger ou proteger a alguém querido, quando ela é convidada a se tornar o símbolo ela não aceita, não até ver toda a dor e sofrimento da guerra, ela é uma heroína por suas reações espontâneas.
A troca do papel da mídia nesse filme também é bem interessante, antes usada como meio para alienar a população agora é o meio do inverso, mostrar a desgraça de Panem, denunciar os problemas da Capital e tentar recrutar rebeldes.
Seguindo a tendência das novas sagas (e encontrando um meio de lucrar em dobro com um filme) o final da saga foi dividido em duas partes, por conta disso pode ser considerado um filme sem um final, mas que cria muita expectativa para o final da saga. O filme ignora o Blockbuster para desencadear conflitos políticos e pessoais, uma escolha admirável, mas ainda assim poderia ter sido apenas um filme.
Jogos Vorazes: A Esperança - O Final (2015):
Jogos Vorazes é, sem duvidas, a maior franquia do momento, seus filmes vem rendendo cada vez mais bilheteria e conquistando mais fãs, o único problema é que terminou com aquele gostinho de "poderia ter sido melhor", uma finalização extremamente covarde para uma franquia que sempre se mostrou revolucionária e que tentava tirar os jovens da zona de conforto, com uma ou outra reviravolta emocionante A Esperança - O Final veio para mostrar de uma vez por todas a verdadeira identidade da saga, mas vamos por partes:
Poderíamos todos julgar o público de Jogos Vorazes, mas fui assistir em pré estreia e prestando atenção nos comentários a minha volta, entre um ou outro "o Peeta é lindo" ou "queria que ela ficasse com o Gale", até escutei palavras como "desigualdade" ou "revolução", à partir do momento em que um filme coloca jovens para pensar em questões revolucionárias, independente do drama que as cerca, ele teve seu objetivo comprido, e no final percebemos que todos esses dramas entre personagens eram apenas secundários, o que realmente importa são os jogos, tanto os vorazes quanto os políticos, e pensando bem eles são quase iguais.
O filme é uma espetáculo visual, tanto o futuro distópico que já tem nos impressionado nos últimos anos quanto as explosões e armadilhas da Capital, estes espetáculos visuais são completamente coerentes aos acontecimentos e nunca aparecem de maneira avulsa, mas são de encher os olhos, pena que a maioria das cenas em que são utilizados são tristes demais. O filme tem um pequeno problema de edição, algumas vezes as cenas não fluem com naturalidade, sentimos uma cortada da cena tensa para a romântica, mas isso não me incomodou ao ponto de estragar a experiencia, algo em que a edição acertou foi no ritmo, ele é frenético do inicio ao fim e consegue te deixar tenso em todas as cenas que deveriam te deixar, não te deixa sonolento em momento algum. Inclusive, ele mantém o clima mais sombrio como foi no anterior, apesar de tantos trajes coloridos e maquiagens extravagantes ele consegue ser um filme barroco, pelo menos na maior parte do filme.
Sobre o elenco, está simplesmente incrível, um dos melhores cast que eu já vi, um elenco que mistura atores competentes com atores classe A de hollywood, e isso agrega muito ao filme, realmente parece que os personagens são encarnados, destaque para Jennifer Lawrence que conseguiu passar todas as duvidas e receios da personagem para a tela.
Falando sobre a trama, está excelente, os problemas políticos estão mais interessantes do que nunca, e acho que agora é o melhor momento para descultismos, o longa trata de assuntos como terrorismo, a parte dos dramas pessoais estão mais interessantes do que nos outros filmes, tem personagens secundários profundos que não são utilizados por causa do triangulo amoroso, por mais que o Peeta esteja interessante, Gale perdeu totalmente a sua identidade. Faz sentido que Katniss seja o novo simbolo feminista.
Agora, vamos comentar o final, digo... literalmente, as ultimas cenas, uma conclusão que faz sentido pelo contexto da obra, que segue fielmente o livro, letra por letra, e por mais que todos queriam aquilo, é uma decisão covarde, não adianta durante se auto-afirmar como não sendo Crepúsculo e terminar como tal. Independente de tudo, a franquia já deixou sua marca na história da cultura pop.
Diversos boatos indicam que nos próximos anos veremos mais histórias de Jogos Vorazes, contando o passado provavelmente, é uma ideia interessante, mas o questionamento é deixar a política tão interessante a ponte do público alvo adolescente conseguir gostar sem os personagens que tanto cativaram o público. Um grande problema na industria cinematográfica atual é que pararam de tratar os filmes e sagas como produtos, hoje em dia tudo é marca, não sabem como terminar uma história. Animais Fantásticos e Onde Habitam é só a prova disso, mas repare, Hobbit, Crepúsculo, Harry Potter, Star Wars, por mais que seja ótimo para fãs, pode estragar ficar criando cada vez mais conteúdo e abandonar a qualidade.
Jogos Vorazes (2012):
De todas essas franquias recentes, esta tem um conteúdo muito mais contestador, quando assistimos com certos olhos vemos claramente inspirações distópicas como Admirável Mundo Novo, falando em disopia, esse é um dos melhores futuros distópicos que já vi no cinema, a sua utopia escondida dentre mensagens deixa claro a qualidade e filosofia desta obra. Discussões sobre autoridade, idolatrismo a celebridades, guerras, conflitos, repressão, poder e controle estão em pauta nessa futurista América do Norte, em Panem (sigla grega para "Pão e Circo"), uma capital e doze distritos comandados pelo presidente Snow.
Na trama, a Capital domina e controla os doze distritos, e cada um deles tem alguma funcionalidade para agradas a burguesia (que reside na Capital), a história é que a alguns anos o 13º distrito tentou uma rebelião e foi destruído, para que nenhum outro distrito tentasse fazer o mesmo a Capital criou um Reality Show chamado Jogos Vorazes, onde ela pegava um casal de jovens (12 a 18 anos) de cada distrito e os coloca em uma arena para lutar até a morte, para lembrar os distritos quem é que manda, se achou isso doentio reflita um pouco sobre a nossa realidade. na arena só pode haver um sobrevivente, além da "fama e glória" também ganha recursos para sobreviver mais um ano, a trama acompanha uma jovem, Katniss Everdeen, uma adolescente que se oferece para lutar na arena no lugar de sua irmã Prim, Katniss é interpretada pela incrível Jennifer Lawrence, que fez um papel muito bom. Lembra daquele triangulo amoroso forçado que eu mencionei, então, tem um personagem genérico que caçava com ela chamado Gale e tem um personagem super complexo que traz a dúvida de confiança chamado Peeta, ele está nos jogos e Katniss não sabe se pode confiar nele ou não, é até que bem interessante, apesar de claramente os dois atores não terem química durante as gravações, a direção é um pouco preguiçosa e não tenta inovar, mas é boa em sua proposta, contar uma história e passar o desespero da personagem nas cenas de ação, falando nelas, são ótimas, e não são usadas apenas como entretenimento barato, não é prazeroso ver jovens lutando pela sobrevivência enquanto se matam, isso é outro ponto interessante, os outros competidores não são os inimigos, e sim os líderes políticos que controlam os Jogos e Panem.
Jogos Vorazes: Em chamas (2013):
Á partir daqui começam os spoilers, não diga que não avisei, nessa continuação Katniss é obrigada a encarar as consequências de suas ações na arena, essas consequências são justamente o que movem a trama, tanto para a personagem como para a nação sob um estado totalitário controlado pela luxuriante e poderosa Capital. Ao mesmo tempo em que Katniss e Peeta Mellark descobrem durante uma turnê pelos 12 distritos de Panem que sua união e a rebeldia dela despertaram um sentimento dormente há décadas no povo, percebem também que o terror ainda está longe de acabar. Afinal, além de ser agora parte do sistema que ela despreza, a heroína tornou-se também um símbolo de esperança e, ciente disso, o presidente Snow não poupará esforços para derrubá-la. Os jogos nesse filme existem, mas são vistos totalmente como plano de fundo, apesar disso conseguem ser menores e melhores que o do anterior, funciona bem para a porcentagem do público que só quer ver efeitos pirotécnicos.
De qualquer forma, Jennifer Lawrence segue dominando a tela
como a confusa protagonista, que procura seu lugar no mundo enquanto ele
desmorona ao seu redor (as frequentes visitas solitárias ao único lugar que ela
controla, a floresta além da fronteira, são simbólicas disso). A sequência,
agora com uma excelente direção de Francis Lawrence é mais elaborada em todos
os sentidos, mas não são os efeitos especiais que chamam atenção.
O subtexto do universo criado por Suzanne Collins fica ainda mais óbvio no
filme, mas lamentavelmente ainda deve passar metros acima das cabeças de grande
parte do público, que está ali, ironicamente, apenas pelo espetáculo que ele
representa. Apesar de tratar de abuso de poder, de direitos e deveres do
estado, de sacrifícios pessoais, são assuntos que para alguns nem passam pela
cabeça, já li comentários como “como queria viver em Panem”, o pior é que comentários deste tipo são muito recorrentes entre pseudo-fãs.
Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1 (2014):
O que fica claro quando vemos que Katniss não consegue gravar o propaganda político e que precisa ir a guerra para gravar reações espontâneas é que na verdade ela não é líder de causa alguma, seus atos heroicos são reações, seja para se proteger ou proteger a alguém querido, quando ela é convidada a se tornar o símbolo ela não aceita, não até ver toda a dor e sofrimento da guerra, ela é uma heroína por suas reações espontâneas.
A troca do papel da mídia nesse filme também é bem interessante, antes usada como meio para alienar a população agora é o meio do inverso, mostrar a desgraça de Panem, denunciar os problemas da Capital e tentar recrutar rebeldes.
Seguindo a tendência das novas sagas (e encontrando um meio de lucrar em dobro com um filme) o final da saga foi dividido em duas partes, por conta disso pode ser considerado um filme sem um final, mas que cria muita expectativa para o final da saga. O filme ignora o Blockbuster para desencadear conflitos políticos e pessoais, uma escolha admirável, mas ainda assim poderia ter sido apenas um filme.
Jogos Vorazes: A Esperança - O Final (2015):
Poderíamos todos julgar o público de Jogos Vorazes, mas fui assistir em pré estreia e prestando atenção nos comentários a minha volta, entre um ou outro "o Peeta é lindo" ou "queria que ela ficasse com o Gale", até escutei palavras como "desigualdade" ou "revolução", à partir do momento em que um filme coloca jovens para pensar em questões revolucionárias, independente do drama que as cerca, ele teve seu objetivo comprido, e no final percebemos que todos esses dramas entre personagens eram apenas secundários, o que realmente importa são os jogos, tanto os vorazes quanto os políticos, e pensando bem eles são quase iguais.
O filme é uma espetáculo visual, tanto o futuro distópico que já tem nos impressionado nos últimos anos quanto as explosões e armadilhas da Capital, estes espetáculos visuais são completamente coerentes aos acontecimentos e nunca aparecem de maneira avulsa, mas são de encher os olhos, pena que a maioria das cenas em que são utilizados são tristes demais. O filme tem um pequeno problema de edição, algumas vezes as cenas não fluem com naturalidade, sentimos uma cortada da cena tensa para a romântica, mas isso não me incomodou ao ponto de estragar a experiencia, algo em que a edição acertou foi no ritmo, ele é frenético do inicio ao fim e consegue te deixar tenso em todas as cenas que deveriam te deixar, não te deixa sonolento em momento algum. Inclusive, ele mantém o clima mais sombrio como foi no anterior, apesar de tantos trajes coloridos e maquiagens extravagantes ele consegue ser um filme barroco, pelo menos na maior parte do filme.
Sobre o elenco, está simplesmente incrível, um dos melhores cast que eu já vi, um elenco que mistura atores competentes com atores classe A de hollywood, e isso agrega muito ao filme, realmente parece que os personagens são encarnados, destaque para Jennifer Lawrence que conseguiu passar todas as duvidas e receios da personagem para a tela.
Diversos boatos indicam que nos próximos anos veremos mais histórias de Jogos Vorazes, contando o passado provavelmente, é uma ideia interessante, mas o questionamento é deixar a política tão interessante a ponte do público alvo adolescente conseguir gostar sem os personagens que tanto cativaram o público. Um grande problema na industria cinematográfica atual é que pararam de tratar os filmes e sagas como produtos, hoje em dia tudo é marca, não sabem como terminar uma história. Animais Fantásticos e Onde Habitam é só a prova disso, mas repare, Hobbit, Crepúsculo, Harry Potter, Star Wars, por mais que seja ótimo para fãs, pode estragar ficar criando cada vez mais conteúdo e abandonar a qualidade.
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