Análise: Sense8
Sense8 não é uma série fácil. Não é uma série pra qualquer um, e definitivamente não é uma série que defende os valores morais da família brasileira, ao cometer a ousadia de tratar personagens gays e transgêneros como seres humanos.
A história foi escrita pelos Irmãos Wachoswski (The Matrix) e J. Michael Straczynski (Babylon 5), e mais ousado do que mostrar cenas de sexo explícitas entre pessoas de mesmo e diferentes sexos de uma maneira afetiva (e não gratuitamente), foi a proposta de contar oito histórias simultâneas e entrelaçadas, sem se perder. O mais incrível é terem conseguido.
Falando tecnicamente a série é impressionante, com um arco central para cada um dos personagens, o que significa um roteiro bem redondo, uma direção cinematográfica, jogos de câmera geniais típicos dos Whachoswski e paisagens abertas do Straczynski fazem aquela receita para uma ficção científica inacreditavelmente bem contada. Sobre atuação todos fizeram bem seus papeis com destaque a Bae Doona, que fez um ótimo papel como carateca.
O conceito de Sense8 é que por algum motivo misterioso oito pessoas passam a compartilhar sua consciência, eventualmente aparecendo umas para as outras, mesmo morando em lugares bem distantes. As “regras” são belas em sua simplicidade:
1 — você transporta sua consciência até aonde a outra pessoa está, e “aparece pra ela” ou…
2 — você incorpora sua consciência na outra pessoa, usando suas habilidades, como por exemplo um exímio motorista assume o corpo de uma personagem que não sabe dirigir.
As oito pessoas são:
Um galã canastrão latino que não saiu do armário.
Um motorista de van em Nairobi que precisa de medicamentos para a sua mãe.
Uma farmacêutica na Índia que vai se casar sem amar.
Uma banqueira que luta artes marciais na Coréia.
Um policial em Chicago.
Um ladrão e chaveiro na Alemanha que roubou diamantes.
Uma DJ islandesa em Londres com vício em drogas
Uma hacker transexual lésbica, sim, em São Francisco.
Um motorista de van em Nairobi que precisa de medicamentos para a sua mãe.
Uma farmacêutica na Índia que vai se casar sem amar.
Uma banqueira que luta artes marciais na Coréia.
Um policial em Chicago.
Um ladrão e chaveiro na Alemanha que roubou diamantes.
Uma DJ islandesa em Londres com vício em drogas
Uma hacker transexual lésbica, sim, em São Francisco.
What's Up:
Conclusão
Sense8 foge do padrão de protagonistas da TV e em diversos momentos tiram você de sua zona de conforto, e esses personagens, por incrível que pareça funcionam melhor que um Jack da vida
A série também é uma espécie de Anti-Heróis. Ninguém é especial, todo mundo é comum, mas a lição, que cai como uma tonelada de tijolos quando a gente percebe, é que pessoas comuns são capazes de feitos incríveis quando trabalham juntas.
Uma pena que 50 anos atrás 100 mil pessoas perceberam isso e mandaram um homem para a Lua, e hoje essa idéia de colaborar uns com os outros é tão alienígena que vira tema de uma série de ficção científica.
Nunca deixo nota em minhas análises, mas não consegui segurar o 10 que essa série merece por tudo citado acima, 12 episódios perfeitos!
Ótima análise, Artur. Em um mundo em que qualquer coisa que fuja dos padrões é vista com desconfiança, é sempre um refresco poder ver a inteligência vencendo os clichês e preconceitos. Por mais diferentes que sejam, um monge no Tibet e uma prostituta em Dakar têm um laço que os une, que pode ser sutil como a névoa da manhã, portanto invisível para a maioria, porém detectável por qualquer um que acredite na espantosa complexidade de uma curiosa espécie outrora conhecida como homo sapiens. Obrigado, Netflix, por nos transportar para anos-luz além da caretíssima expectativa provinciana de presenciar o primeiro beijo gay em uma novela (acreditem se quiser há quem as assista) da Globo.
ResponderExcluirVishh
ExcluirNossa, o cara nem pegou da internet não
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