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Machismo em Blade Runner: critica social ou problema de enredo?

Quando se trata da representação feminina o Blade Runner clássico é realmente problemático, claro que se tratando do gênero noir o arquétipo de femme fatale é compreensível, porém a sexualização desnecessária e instrumentalização das mulheres  não é.


Obviamente personagens como a de Daryl Hannah devem ser sexy pelo próprio story teeling, já que a personagem é um fruto da perversão do homem, criada para dar o prazer a este, e é aqui que se encontra a critica a sociedade machista, e no rosto de sofrimento da Daryl percebe-se a carga de uma violência sofrida por milhares. Porém no outro lado da moeda, a grande “cena de amor” do filme ter contornos de violência sexual - com o Rick Deckard de Harrison Ford impedindo a fuga da Rachael de Sean Young até que ela concorde e verbalize que quer algo com ele, mesmo claramente não tendo interesse naquilo - desmoraliza a própria critica anterior.

Scott diz que o filme possui um grande apontamento ao chauvianismo da sociedade moderna, a apresentação visual de Rachael, como um avatar da mulher perfeita, enquadrada por Scott como um anjo entre homens, seria o produto da “tecnologia patriarcal”. 

Seria lógico que, 30 anos depois, Blade Runner 2049 corrigisse os erros do original, será? O filme está longe de passar no teste de Bechdel, consequência de todas as personagens femininas (com exceção da policial de Robin Wright) terem sua personalidade como “ser função de algum homem”, um assunto sensível e que leva ao mesmo debate causado por Rachel no filme anterior, Joi é hipersexualizada e é submissa, personagem vaga que contribua a cultura machista do cinema ou... uma metáfora para o modo que, atualmente, as mulheres são hipersexualizadas e vistas como submissas pela mídia e publicidade? Ok, no caso da Joi eu prefiro ficar com a segunda opção, mas que foi vacilo de Hampton Fancher e Michael Green não inserirem uma personagem ativa na trama com personalidade e ideias que não dependam de um homem... foi.

Não é segredo que a ficção científica é usada para expor e cutucar essas feridas da sociedade, eu diria que poderíamos ter uma personagem feminina com real personalidade na filha de Deckard, mas isso fica para o próximo filme, e como aparentemente essa tentativa de franquilizar Blade Runner só causou prejuízo, só sinto tristeza por essa mancha no nome da, para mim, melhor obra cinematográfica de todos os tempos.


Um comentário:

  1. Acho que a personagem feminina com papel mais ativo viria através da personagem da Carla Juri (filha do Deckard). Ele se tornaria o simbolo da resistência dos replicantes. Nesse sentido, vejo uma visão "progressista" do filme , ao colocar uma mulher a frente de uma revolução. Entendo a caracterização das mulheres do filme como uma crítica sutil ao modo como a sociedade resiste em mudar certos aspectos , como a marginalização social (os menos favorecidos permanecem na Terra) e nisso se inclui a questão da mulher numa sociedade tecnológica mas ainda com raízes patriarcais.
    Abraço.

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