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Lady Bird: Sobre mães e filhas

Sinopse oficial: Christine McPherson (Saoirse Ronan) está no último ano do ensino médio e o que mais deseja é ir fazer faculdade longe de Sacramento, Califórnia, ideia firmemente rejeitada por sua mãe (Laurie Metcalf). Lady Bird, como a garota de forte personalidade exige ser chamada, não se dá por vencida e leva o plano de ir embora adiante mesmo assim. Enquanto sua hora não chega, no entanto, ela se divide entre as obrigações estudantis no colégio católico, o primeiro namoro, típicos rituais de passagem para a vida adulta e inúmeros desentendimentos com a progenitora. 

No meio dessa trama toda, os dilemas triviais da adolescência e sua passagem para a vida adulta estão todos ali: o primeiro amor, a mudança nas amizades, a primeira desilusão amorosa, a decisão de onde fazer faculdade... Mas, diferente da maioria das obras do gênero, onde o foco é na adolescência e amadurecimento masculino, Lady Bird inova justamente por mostrar com sinceridade os desejos e transformações de uma mulher em fase de amadurecimento.



Sua mãe Marion (interpretada pela brilhante Laurie Metcalf) luta para agradar Lady Bird (alcunha para Christine), e elas acabam brigando sobre quase tudo, principalmente quando se trata da falta de reconhecimento de Lady Bird nos esforços dos pais para dar-lhe a melhor vida possível, apesar das restrições econômicas. 
As cenas com apenas Lady Bird e Marion são definitivamente as melhores do longa, desde a primeira, quando estão no carro, até aquela em que elas estão comprando um vestido, de uma conversa calma para uma discussão – e retornam a uma conversa normal com apenas um "é perfeito!" – tão facilmente que é impossível não pensar em um momento em sua própria vida em que isso tenha acontecido também, a identificação quanto as conversas de minha irmã e minha mãe foram claras a todo momento, se mostrando este o ouro do filme: o retrato sincero da relação de uma mãe com sua filha.


Isso acontece por ser uma história de amadurecimento intrinsecamente feminino, os dilemas de Lady Bird definitivamente não são exclusivos de Sacramento e criam identificação com todos que já tiveram 17 anos, mas o foco desta vez é mais unilateral: já vimos muitos homens mentindo para conquistar mulheres, mas pouquíssimas vezes pela perspectiva feminina (e, quando, geralmente numa comédia), estes pequenos detalhes tornam Lady Bird revolucionário.

A cidade também desempenha um papel importante na história, uma vez que é amada e odiada pela protagonista. Mesmo que a protagonista tenha vergonha de suas origens na maioria das vezes, o filme pode ser visto como uma carta de amor para Sacramento, já que ajudou Lady Bird a moldar sua personalidade.

Vale dizer também que a direção não possui uma mão muito pesada (o que torna a indicação de Gerwing talvez um tanto injusta se comparada a Villeneuve, de Blade Runner 2049, ou até a própria Patty Jenkins, de Mulher Maravilha, bom, mas como eu não voto na academia), uma direção mais simplista - e de nenhuma forma ruim - é escolhida, para assim parecer realmente a realidade, apenas como uma momentânea janela para a vida de outros. E apesar de visualmente simples contém suas subjetividades, as rimas visuais de Lady Bird andando para direita criam uma noção de progressão ou a pouco sutil cena final que nos tornamos, como Elis Regina prevê, "Como Nossos Pais".



Portanto basta uma rápida consulta na Wikipedia para entender o valor autoral na obra praticamente autobiográfica, assim como Moonlight funciona como um grande grito sobre a vida, em Lady Bird temos Christine completando 18 anos em 2003, praticamente idade de Greta Gerwig na época, nascida em 1983 na mesma cidade de Sacramento, temos aparentemente apenas uma notável diferença com a vida da também roteirista, o nome da protagonista não seu nome, e sim de sua mãe, Christiane Gerwig, o que reforça a obra como uma grande homenagem a sua progenitora.

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