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Matheus de Souza desvendou o romance moderno (Apenas o Fim, Ana e Vitória, Eu Não Faço a Menor Ideia do Que Eu Tô Fazendo Com a Minha Vida)

Você provavelmente nunca ouviu falar de Matheus de Souza, e possivelmente também não viu nenhum de seus filmes, são três dirigidos até então ('Apenas o Fim', 'Eu Não Faço a Menor Ideia do Que Eu Tô Fazendo Com a Minha Vida' e 'Ana e Vitória') e um roterisado (Confissões de Adolescente). Mesmo com uma carreira tão pequena, ele já tem um estilo bem concreto e é percursor de todo esse movimento hipster afetando o cinema nacional, visto que seu primeiro filme é de 2008.

Apenas o Fim 

A primeira característica é o baixo orçamento: ele aderiu um molde de filmes com poucos personagens e poucas locações, filmes basicamente feitos inteiramente de diálogos entre dois personagens principais, Apenas o Fim acontece inteiramente em uma conversa em um lugar em uma tarde. Estes personagens geralmente são jovens envolvidos amorosamente (seja entre si ou com outros) prestes a enfrentar uma grande catarse para a vida adulta. Esta catarse pode ser um vestibular, a ida para a faculdade ou o sucesso e fama da vida de cantora.

Outro fator é que eles são um retrato muito sincero e despretensioso desta juventude MUITO CARENTE e marcada pela internet. Sincero porque em vários momentos você verá apenas as personagens paradas mexendo no celular ou abraçadas na cama, ou mesmo usando girias reais - algo muito frequentemente dispensado por roteiristas velhos tentando emular jovens -. E também são despretensiosos, já que não tocam em assuntos complexos ou relevantes para a sociedade.

Apenas o Fim (2008)

Sinopse: Prestes a fazer o vestibular Antônio (Gregório Duvivier) é procurado por sua namorada (Erika Mader), que lhe avisa que pretende fugir de casa e recomeçar a vida em outro local, que ela não pode dizer. Ele tenta convencê-la do contrário, sem sucesso. Os dois concordam em passar a próxima hora juntos, relembrando momentos do passado e imaginando o futuro.



A primeira coisa que me chama muita atenção na obra é a criação de personagens, em 5 minutos de filmes seus jeitos de falar, roupas e comportamentos nos fazem entender exatamente como eles são. E, numa juventude viciada em entretenimento é interessante como é usado o que as personagens consomem para os intendermos. O personagem do Gregório Duvivier constantemente é relacionado a cultura pop nerd, mostrando o seu arquétipo, enquanto a da Erika é relacionável as bandas hipsters deste cenário Paulista atual.

Com estrutura bastante teatral, Apenas o Fim talvez funcionasse mais em palcos. Premiado no Festival do Rio com a Escolha da Audiência, e com o Prêmio Netflix em 2008 (nem sabia que ela existia em 2008), trata-se mesmo de uma demonstração de força e comprovação de carisma dos seus protagonistas e da capacidade do roteirista e diretor em capturar a atenção do público por mais de 80 minutos.

Ah, e a obra foi feita com apenas R$8 mil. E eu já falei sobre ele num outro post Solidão e relacionamento no brasileiro Todas As Razões Para Esquecer

Eu Não Faço a Menor Ideia do Que Eu Tô Fazendo Com a Minha Vida (2012)

Sinopse: Clara (Clarice Falcão) está indecisa em relação às suas escolhas. A jovem está cursando a faculdade de Medicina por pressão familiar e não por vocação. Sem contar para ninguém o que está sentindo, ela passa a matar aulas no período da manhã. Durante essas aventuras matutinas, Clara conhece um rapaz que a ajuda a encontrar um norte para sua vida.

Este foi na onda do outro, um pouco mais pretencioso, o que o Bruno Carmelo do Adorocinema chamou de 'existencialismo cool' resume perfeitamente a proposta. Mas o filme não é ruim não... ele é (para mim) ainda mais relacionável do que o anterior, a treta da Clarice Falcão em escolher o que vai fazer da vida é o grande dilema do jovem pós-SISU.


O sucesso do filme anterior ressoa neste com várias participações especiais, atores globais tipo Leandro Hassum e o próprio Gregório Duvivier do Apenas o Fim. Ah, e me sentiria culpado se não avisasse que possíveis lágrimas podem escorrer num monólogo do final, em que Clarice manda a real sobre a vida para o pai.

E tem essa música sensacional também:



Ana e Vitória (2018)

Sinopse: Rio de Janeiro. Ana (Ana Caetano) e Vitória (Vitória Falcão) já haviam até mesmo estudado juntas, mas apenas se aproximam de fato em uma festa realizada muito longe de sua cidade natal, a pequena Araguaína, no Tocantins. Após se apresentar na festa, Ana fica impressionanda com a informal cantoria de Vitória, em uma rodinha de violão. Logo surge a ideia de gravarem algo juntos, que rapidamente explode na internet e chama a atenção do produtor Felipe Simas (Bruce Gomlevsky). A fama repentina as traz de volta ao Rio de Janeiro, para um show transmitido pela internet e a produção de seu primeiro CD.

Quando a gente ai assistir um filme de alguém famoso que ganhou essa fama recentemente e de forma muito rápida, provavelmente este filme será ruim. Digo baseado nessas cinebiografias de artistas com 25 anos (como a do Justin Bieber, saca?), felizmente Ana e Vitória passa longe disse, o filme por acaso é baseado nessas cantoras de recente sucesso meteórico quando, na verdade, ele quer falar sobre a conciliação da carreira com os romances na fase conhecida como 'jovem adulto' e também quanto a sexualidade dessa fase.
Dito isso, é legal também como a maior parte do filme é justamente sobre como a dupla Ana e Vitória passa de uma coisa musical para uma coisa para a própria vida. No fim, quando Vitória desiste de viajar com o namorado para ajudar a Ana fica bem claro como a parceria delas se concretizou. Todos os relacionamentos são regados a drama e comédia, como ambas parecem ter uma boa experiência de vida, cometem gafes e tem conceitos bem engraçados apresentados um atrás do outro, colocando comédia e romantismo bem juntos e de forma bem criativa. A única coisa que realmente incomoda é a assistente delas, que personagem irritante!

Quanto a sexualidade é um dos aspectos mais positivos da obra, já que o ambiente jovem e moderno é mostrado como um lugar completamente seguro e livre de preconceitos, como deveria ser na vida real em todo lugar. É uma utopia social muito bacana. O filme salta algumas vezes no tempo, aparentando querer mostrar só janelas de tempo específicas para dramatizar as dificuldades dos relacionamentos com a fama da dupla, algo interessante, mas que também dá vários cortes repentinos, deixando algumas coisas incompletas (tipo: acreditem que eles se apaixonaram nesse meio tempo mesmo sem ser mostrado). 

Tem uma parte do filme que um teste do buzzfeed é usado como metáfora para o relacionamento delas e como uma esta mudando a outra, um jeito super inteligente de contar uma história de amor autenticamente jovem. E é claro que acaba com a pose mais iconica das duas, de um jeito muito alto astral.

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