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'Jeremias - Pele' trata racismo com a maturidade que o tema pede

A Turma da Mônica já tem pelo menos 50 anos, e um de seus únicos personagens negros, Jeremias, nunca ter tido uma revistinha solo é com certeza uma falha histórica. Mas é como dizem: a justiça tarda, mas não falha - ok, um ditado errôneo mas aplicável aqui - e assim aconteceu com Jeremias e seu mais novo gibi 'Pele'.


Pele é o 18º trabalho da Graphic MSP e mostra um real motivo para a alcunha de "selo adulto", embora também sirva para crianças o tabalho roteirizado por Rafael Calça (Jockey) e desenhado por Jefferson Costa (La Dansarina) atinge um grande nível de maturidade lidando com o preconceito racial, em um enredo que envolve tanto o garoto quanto seus pais que precisam abordar esse assunto com o filho.

O protagonista é uma criança nerd (tanto no sentido de ter as melhores notar quanto no seu consumo de cultura pop) que sonha em ser astronauta, o que a torna relacionável desde o princípio... E ver sua lúdica e nostálgica infância se desenvolvendo e nos conquistando enquanto sabemos que o racismo chegará é doloroso, e quando este chega causa tristeza a qualquer um com o poder de empatia. E é desde então que o quadrinho escala para passar a tratar desse aspecto tão amplo da sociedade chamado racismo estrutural e (muito por ser autobiográfico) atinge uma sensibilidade gigantesca.

A falta de representatividade nos quadrinhos ou comerciais de margarina, tentar apagar suas negritudes com cortes de cabelo curtos, diminui-los para empregos mal-assalariados e violência policial são exemplos do que se encontra em suas 96 páginas. Mas também há um menino descobrindo os temores da vida e tendo que enfrentá-los, e quando seus pais lhe ensinam a enfrentar essa luta os arrepios atravessam toda a espinha. Jeremias começou a ser feito antes de Pantera Negra estrear, mas surfou perfeitamente nesta onda, onda esta que espero que dure por muito tempo. Na verdade que só pare de existir quando não for mais necessária. Resistir é preciso, ainda mais em tempos tão difíceis

“A ausência de referências positivas nos rouba o direito de imaginar, estabelece um teto para nossos sonhos”, diz o rapper Emicida no texto da quarta capa do gibi. “Minhas lágrimas correram pelo rosto ao ler Jeremias – Pele. Eu a vivi inteira tantas vezes”.

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