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Acredite se quiser, Black Mirror já foi uma série desafiadora

Mas isso foi antes, antes da Netflix comprá-la e rendê-la ao meme "muito Black Mirror", antes de Charlie Brooker, genial roteirista por trás dos episódios série, passar de 3 episódios a cada dois anos para 6 episódios anuais, é claro que a qualidade tenderia a cair, a queda foi clara ao se assistir episódios como "Versão de Teste" (S03E02) e "Engenharia Reversa" (S03E05) na terceira temporada, mas com a vinda da quarta temporada fica claro que a série mais promissora da década se tornou uma punheta sem sentido sobre os malefícios da tecnologia, e a série nunca foi sobre isso.


Em 2016, quando a Netflix tornou (milagrosamente) Black Mirror popular passei por um processo de entendimento do que a minha série (até então) favorita verdadeiramente significava, um processo fruto de um certo incomodo com aquela frase que tão rapidamente se tornara constantemente presente em nossos feeds. Black Mirror nunca foi uma série sobre tecnologia (ou lições de morais sobre ela), ainda menos uma série sobre prevenções - ou, pelo menos, não intencionalmente -, Black Mirror pretendia divagar sobre a condição humana (orgulho e vaidade, ganância e sociedade-espetáculo, ciúmes e insegurança) a tecnologia era o plano de fundo para debatê-la (hacker pedindo para o ministro fazer uma sex tape com um porco, distopia futurista com um reality show, implante que permite gravar a sua visão), sempre desafiando a compreensão do telespectador.

E é tão triste ver agora, com um orçamento tão maior, os roteiros se entregando a "putas criticas sociais" e obviedades, reciclando temas, criando dilemas tão simples, e só são necessários os dois primeiros episódios "USS Callister" e "Arkangel" para entender meu ponto, o primeiro sofre de "desculpas de roteiro" bizarras, nos fazer aceitar que uma atualização vem como um buraco de minhoca é forçar a barra, mas que o programador desenvolvedor do jogo só pode alterar o código quando está próximo do que será alterado (usado na fuga para o buraco de minhoca, quando Daly está em outra nave) é inaceitável, e se o jogo estava off-line por que foi atualizado? E a pior parte é aquela tentativa fajuta de simular o final perturbador "muito Black Mirror" para Daly, a consequência desajeitada e sem sentido para a tripulação me cria ainda mais desgosto pelo episódio.

Mas ainda assim acredito que essas minhas criticas são apenas pela grande expectativa que depositava em Brooker nos tempos áureos de sua série, consigo identificar poucos (porem notáveis) qualidades, tanto no texto principal - a ideia reciclada de Shut Up and Dance de sentirmos empatia pelo problemático personagens até vemos sua mascara cair - quanto no subtexto - as menções sob quão nocivo é o retrato feminino na cultura nerd e o resultado póstumo ao seu consumo é um bom exemplo -, enquanto isso em Arkengel (episódio dirigido por Jodie Foster) Black Mirror se propõe a debater superproteção, tema interessantíssimo para série que resolveu abordá-la da forma mais simplista possível: literalmente aos 20 minutos de episódio, quando Marie guarda o tablet, já se consegue prever todo o seu desenvolver, respostas óbvias para um tema tão complexo, ainda mais em tempos que tanto se condena uma mãe que queria deixar seu filho brincar com o boneco de uma uma universitária.
Saudades

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