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Filmes para entender a modernidade líquida

Foi numa dessas semanas ai que tive aula de sociologia sobre a modernidade líquida de Zygmunt Bauman, e, embora última aula do dia, o tema me despertou atenção especial. Acho que de todo o conteúdo sociológico visto no ensino médio - onde curso - o tema é o mais relacionável, muito emblemático especialmente para esta minha geração viciada em entretenimento e essencialmente melancólica. As redes sociais (e a modernidade em si) nos tornaram suscetíveis a constantes mudanças comportamentais, dificultando o auto-entendimento, já que por vezes os nossos próprios "eu" contrastam. 

E foi nessa que escolhi alguns filmes que fazem pensar sobre o tema.

4- Beleza Americana (1999, Sam Mendes)


O filme retrata a vida da classe média americana através dos olhos de Lester Burnham (Kevin Spacey), de 42 anos, que vive uma vida totalmente vazia e sem sentido, baseada apenas nas aparências. Derrotado e sem ânimo para viver, Lester já inicia a trama dizendo que em um ano estará morto, mas que, de certa forma, já está.

Com uma vida profissional média, um casamento de fachada e uma relação monótona com sua filha, o protagonista demonstra a sua inexpressividade e o seu vazio interior, bem como, a sua morte já citada ainda em vida, uma vez que as aparências que ostenta não conseguem lhe proporcionar a potência necessária para que se sinta verdadeiramente vivo. Isso é reforçado quando ao se masturbar no chuveiro pela manhã diz "este é o melhor momento do meu dia, depois disso só piora"

3- Demônio Neon (2016,  Nicolas Winding Refn)


O filme é basicamente sobre os danos psicológicos sofridos pelos envolvidos na industria da moda, esta constante tentativa de alcançar um padrão inalcançável passa como um caminhão sobre a protagonista quando ela se encontra inserida no mundo fútil e vazio das modelos. Onde, quanto menor individualidade melhor. A mesma perda de individualidade prevista por Bauman.

2- Blade Runner (1984, Ridley Scott) e Ghost In The Shell (1995, Mamoru Oshii)


Já que são irmãos em tema, estes dois juntos mostrarão a potencia filosófica da ficção cientifica Cyberpunk, no caso de Ghost In The Shell (pelo amor de Deus, o anime, não o remake americano), a protagonista, Major, é uma ciborgue num mundo futurista em que a maioria dos humanos tem partes robóticas. E quando um hacker intitulado Mestre das Marionetes passa a hackear a mente de algumas pessoas Major coloca sua própria individualidade em cheque, já que pudera também ser programada.

Em Blade Runner, um grupo de androides mais humanos que humanos (chamados de Replicantes) é foragido na terra, Rick Deckard é encarregado de caçá-los. A temática principal da obra é a própria busca por humanidade dos replicantes, e quando estes demonstram tanta ou maior empatia e amor a vida do que nós, o que nos torna? talvez menos humanos do que estas maquinas. Já que eles procuram amor, pensar e a individualidade que nós não temos mais.

Já escrevi algumas vezes, tanto sobre Ghost In The Shell quanto sobre Blade Runner (este alguma dezena de vezes)

1- Este era óbvio: Encontros e Desencontros (2003, Sofia Coppola)


O titulo original "Lost in Translation" é uma expressão americana que representa a parte cultural de palavras ou frases que se perde quando é traduzida para outra língua. E se aplica nos protagonistas, um ator melancólico vivendo uma rotina sem sentido numa campanha publicitária em Tóquio, interpretado por Bill Murray, e uma esposa-padrãozinho, que encontra-se solitariamente em hotéis japoneses luxuosos enquanto seu marido fotografo trabalha, por Scarlett Johansson, suas dificuldades e perdas na comunicação são as tais "perdas na tradução". 

A solidão diminui quando eles se encontram aleatoriamente num bar. É a brevitude e intensidade da relação dos dois protagonistas que configura a liquidez, mostra como as relações pós-modernas são frágeis, assim como o individuo é suscetível a constantes mudanças (mas isso terá de ver o filme para entender).

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