Header Ads

Posts recentes
recent

Guerra Infinita tem um protagonista: Thanos. E ele é incrível

Guerra Infinita é um filme completo, épico e apoteótico na pureza do termo. E, embora com piadas enfadonhas em cenas potencialmente tensas, cria uma consistência rítmica invejável. Isso graças a dupla de diretores, os Irmãos Russo, que orquestraram uma obra tão cara, com tantos atores e personagens, visuais tão distintos em seus núcleos e magicamente criaram um produto consistente e nada genérico. Ele instiga (sim!) e é muito empolgante também graças a seus roteiristas Stephen Mcfeely e Christopher Markus - que bizarramente são iguais -, trabalhando na Marvel desde o primeiro Capitão América e claros amantes dos personagens, não tentam desenvolver as dezenas de heróis em questão mas conseguem criar pelo menos um bom dialogo para reforçar a personalidade de cada um deles, assim, com sabedoria, se apoiando nos 10 anos e 18 filmes anteriores para desenvolver o que fez toda diferença: o vilão.


E que vilão! Uma surpresa muito agradável seu tratamento como verdadeiro protagonista da história, nos fazendo temer sua ameaça e de quebra criando um personagem extremamente emblemático (Ego, Abutre, Hela, Killmonger e agora Thanos, bela sequencia). Mas por que o vilão é tão complexo? Acredito que possuam dois principais motivos.

A Jornada do Herói

A jornada do herói é um conceito desenvolvido por Joseph Campbell em O Herói de Mil Faces que consiste basicamente em dizer que todas as grandes histórias, da Grécia Antiga a Jogos Vorazes, seguem uma estrutura dividida em três principais atos que formam o arquétipo de herói, como esse vídeo pode te explicar melhor.

Thanos encarna esse arquétipo: passa pelo primeiro ato (vida média, chamado a aventura, recusa ao chamado e o desprendimento da vida média) através de flashbacks e comentários em que ficamos sabendo que vivia mediocremente em seu planeta, teve a epifania de como trazer o equilíbrio e não fez nada, até seu povo se extinguir e ele passar a viajar pelo universo matando metade das almas de cada planeta para que os outros povos não passem pelo mesmo que o seu.

O segundo ato (o herói, geralmente com um artefato mágico, está quase conseguindo o que quer, mas antes vai ter de passar por uma grande provação que lhe trará uma crise), o artefato seria a manopla, e quando Thanos está com tudo encaminhado para vencer ele terá de sacrificar a coisa que mais ama no mundo, sua filha, para alcançar seu objetivo, e logo depois nosso herói (rs) tem uma crise e quase perde a manopla em Titã.


E, enfim, o terceiro ato (em que se supera a crise e, agora, com mais sabedoria e convicção consegue alcançar seu objetivo, enfim vence e retorna para o lugar comum com a sensação de dever cumprido, mas nada será como antes), claramente quando ele enfim vai para Wakanda e estala os dedos, e agora, com o "equilíbrio do universo" o herói (de si mesmo) pode descansar em paz, num belo por do sol com a sensação de ter tornado o universo um lugar melhor.

Aplicar a jornada do herói a Thanos é genial por trazê-lo humanidade, sentimos certa empatia com seu passado e mesmo sabendo que o que ele faz é errado, esse cara tem um bom ponto.

Esse cara tem um ponto

Os dois melhores vilões em filmes de super herói até então foram o Coringa de Heath Ledger e Killmonger no recente Pantera Negra, o que eles tem em comum? ambos tem um ponto a provar - um válido -, Coringa quer mostrar que, assim como ele, todos são naturalmente insanos, e a única coisa que nos afasta desta insanidade é um dia ruim, como quando um garoto perdeu os pais num beco de Gotham e enlouqueceu, passando a se fantasiar de morcego para enfrentar o crime a noite. E Killmonger quer por fim as diferenças de tratamento étnico através de guerra, para que nenhum de seus "irmãos" precise sofrer como ele enquanto outros vivem na maior potencia do mundo escondidos.

Thanos, mesmo sendo um alienígena feito por computação gráfica (maravilhosa, inclusive, que consegue até dar espaço para Josh Brolin interpretar através da captura de movimento) é muito mais relacionável que qualquer recente vilão da editora concorrente, por exemplo. Porque ele exala empatia, entendemos seu fascínio por equilibrar o universo em decorrência do fim de seu planeta, ele não é um vilão que quer dominar tudo, ele acredita ser um herói que percebeu algo que mais ninguém percebeu e luta por tornar o universo um lugar melhor.

Através de genocídio? sim, extremamente antiético. Mas o que o afasta de lideres fascistas ou nazistas que também queriam tornar o mundo um lugar melhor através de genocídio é que Thanos não prega a superioridade de grupo algum, ele quer um assassinato em grande escala democrático, aleatório e "imparcial" (segundo o mesmo), sem privilegiar ninguém, no fim metade do universo estará morta e a outra terá recursos e espaço em abundancia, para ele os fins justificam os meios.

Agora é esperar por 4 de maio de 2019, vejo vocês lá.

Nenhum comentário:

@ArturAlee #GeekDeVerdade. Tecnologia do Blogger.