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O significado da cidade em Ghost in the Shell

Um bom contador de história sabe transformar todas as entidades que regem uma obra cinematográfica num recurso narrativo, e ai se inclui a fotografia: usar ângulos, luz e sombra, perspectiva do cenário ou design como algo que contribua positivamente para a história que quer ser contada, Mamoru Oshii faz uma orquestra gráfica com Ghost in the Shell, belo, encantador e filosófico criou uma atmosfera sem igual, muito devido ao diretor de fotografia Hisao Shirai. A estética Cyberpunk referenciando Blade Runner para refletir o interno de Major é claro, mas vamos dissecar um pouco mais:


O que nos define como humanos? Nossa alma? Nosso cérebro? No universo do filme, a identidade dos indivíduos é colocada em xeque a partir do momento em que seus corpos são fundidos à artifícios tecnológicos com o objetivo de implementar melhorias específicas às suas condições. Dessa forma, a intenção do filme se concentra em evidenciar o distanciamento da protagonista em relação à cidade que a cerca, como se ela fosse uma criatura que apesar de estar ali, não pertence àquele lugar, assim como os artifícios tecnológicos que criam a sua concha.


A intenção ao construir uma sequência tão contemplativa é evidenciar o estado caótico de uma Hong Kong futurística, onde pessoas transitam cabisbaixas pelas ruas como se sua individualidade fosse sugada pelo ambiente extremamente desenvolvido. A escolha de Hong Kong não é aleatória, Hong Kong foi da China e do Reino Unido até 1982, quando foi devolvida para o Japão, uma cidade sem identidade assim como aqueles que vivem nela, e a arquitetura diversificada só sugere isso, a multiculturalização só amplia a falta de identidade da cidade em que vive a protagonista.

Segundo Nietzsche "Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você.", Quando você se opõe à algo você também permite que esse algo te defina, ainda que de forma negativa, gerando uma identidade. E é ai que encontramos o significado para essa falta de identidade da cidade, a mistura de arquitetura japonesa clássica com prédios futurista, numa relação Gotham City Major se tornou a cidade que ela se sente tão alheia, afinal, se construímos o ambiente que nos rodeia também somos construídos por ele.
E se Major sofre de crises existenciais enquanto reflete o clássico e o futurista, procura sua identidade num constante sufoco que a opressão da cidade causa nela, tanto que até prefere passar o tempo submersa na água, onde a cidade deixa de alcança-lá. E, no final, quando ela se transcende na fusão com o Mestre dos Fantoches e pensa “E para onde eu vou agora? Há uma rede vasta e sem limites” é mostrada no topo de uma montanha observado a cidade que tanto lhe oprimiu, e a cidade finalmente deixa de ser mostrada de baixo para cima (o que ressalta os prédios opressores) e é mostrado de cima para baixo, como algo que foi superado.

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