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Me Chame Pelo Seu Nome é um inovador "coming of age"

Sinopse: O jovem Elio está enfrentando outro verão preguiçoso na casa de seus pais na bela e lânguida paisagem italiana. Mas tudo muda com a chegada de Oliver, um acadêmico que veio ajudar a pesquisa de seu pai 
Um daqueles nomes que surgem de repente e parecem estar por aí há tempos, Timothée Chalamet tem nome e cara de europeu e não domina apenas o inglês, mas é de fato norte-americano. E chegou para ficar. Ele vive Elio, um adolescente em férias no norte da Itália em 1983. Ao ser indagado sobre o que faz lá, ele responde que apenas espera o verão passar. Nada, escreve, toca piano, bebe com amigos.
Filmes sobre amadurecimento, os chamados “coming of age”, não são raros. Temos, ainda nessa temporada, Lady Bird, também com Chalamet no elenco. Mas é difícil encontrar uma obra tão sensível, com personagens que, embora inteligentes, se veem à disposição da vida e seus desígnios misteriosos. Quando tudo parecia claro, Elio começa a se conhecer melhor e a descobrir sentimentos que estavam enterrados. E a adolescência, que já é um período conturbado normalmente, fica ainda mais desafiadora. De forma bem autêntica, o diretor Luca Guadagnino retrata o crescimento de um rapaz que vive conforme as convenções até descobrir que ele talvez não seja assim tão convencional. E bate o medo que surge de ir contra o que está estabelecido usualmente. Ajuda ter uma família compreensiva e amorosa, com pais intelectuais, abertos às possibilidades, que só querem seu filho feliz. 
Chalamet vestiu perfeitamente o papel de Elio, numa interpretação focada, indo de alegre a torturado em segundos. Hammer, como o expansivo Oliver, também mostra enorme desenvoltura num trabalho corajoso, sem problemas em se entregar. E, apesar do pouco tempo em cena, Stuhlbarg rouba os holofotes quando aparece, com alguns dos melhores diálogos do longa. Os três são o cerne de Me Chame Pelo Seu Nome. Não espere por nada glamouroso ou muito inventivo. É apenas um justo retrato da vida de Elio. E isso já é muito.
Nesse aspecto de "um momento da vida de Elio" é interessante também como a fotografia tenta dar ao longa a atmosfera lúdica de uma lembrança, não sabemos ao certo onde a história acontece ("algum lugar ao norte da Itália") e com todo aquele sol dourado - a produção foi rodada em 34 dias dos quais 28 choveu, certamente o elemento é proposital - e o retrato perfeito sob Oliver fica claro que o filme não passa de uma memória de Elio. É por isso, também, que o senso temporal do filme é desconexo, temos ao monte cenas coladas em mais cena dos personagens apenas curtindo monotonamente a passagem de tempo, sem a necessidade de explicar se passaram um dia ou uma semana, e isso que torna Me Chame Pelo Seu Nome um "coming of age" tão especial.

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